Todos os anos, multidões tomam as ruas brasileiras com bandeiras erguidas, camisetas estampadas com versículos bíblicos e músicas ensurdecedoras. É a Marcha para Jesus — um dos maiores eventos evangélicos do país. Mas por trás do fervor religioso e da estética festiva, algo muito menos espiritual caminha em paralelo: interesses políticos, manipulação de massas e espetacularização da fé.
💸 Fé ou Palanque?
A Marcha, que deveria ser um ato de exaltação espiritual, virou, em muitas cidades, um verdadeiro palanque eleitoral. Políticos fazem discursos, sobem em trios elétricos, posam para fotos ao lado de líderes religiosos — e garantem ali sua fatia do voto evangélico. O nome de Jesus, nesse cenário, parece mais um slogan de campanha do que um símbolo sagrado.
🏛️ Patrocínio Público e Interesses Privados
Não são raros os casos em que a Marcha é financiada com recursos públicos. Dinheiro que poderia ser investido em saúde, educação ou políticas sociais acaba bancando shows gospel , infraestrutura de eventos e até caches de celebridades da fé. Tudo em nome de Deus. Não são raros os casos em que a Marcha é financiada com recursos públicos. Dinheiro que poderia ser investido em saúde, educação ou políticas sociais acaba bancando shows gospel, infraestrutura de eventos e até caches de celebridades da fé. Tudo em nome de Deus — mas com custo pago pelo povo, que nem sempre compartilha da mesma crença.
📢 Barulho em Nome da Paz
A Marcha também levanta críticas sobre a ocupação do espaço urbano. Ruas fechadas, som alto, congestionamentos. Para muitos moradores das regiões afetadas, o evento impõe transtornos em nome de uma religião específica. A liberdade religiosa deveria caminhar junto com a responsabilidade social, mas nem sempre é o caso.
🧑🤝🧑 Inclusão Seletiva
Apesar de pregar o amor e a união, a Marcha para Jesus muitas vezes reproduz discursos excludentes. Grupos LGBTQIAPN+, religiões de matriz africana e até setores progressistas do próprio cristianismo são deixados de fora — ou piores, hostilizados. A marcha se diz de todos, mas nem todos são bem-vindos.
⛪ O Nome de Jesus em Vão
Por fim, a maior contradição : um evento que deveria refletir humildade, serviço e compaixão, muitas vezes se parece mais com um espetáculo de vaidade, poder e controle. É Jesus marchando entre trios elétricos , alianças partidárias e contratos de Marketing.
📌 Reflexão Final
A fé é um direito. A manifestação religiosa também. Mas quando uma religião se transforma em espetáculo político e mercantil, perde-se o essencial do Evangelho. A Marcha para Jesus pode continuar — mas precisa urgentemente compensar para onde, e para quem, se está marchando.